Encostado para balanço

agosto 25, 2011 - 5 Respostas

Olá, galera.

Uma semana sem computador pode ser o bastante para fazer a gente refletir sobre tudo em nossa volta…
Tenho me questionado muito sobre tudo o que fiz e o que deixei de fazer desde a virada do milênio, quando compramos nosso primeiro computador, principalmente o que deixei de fazer.
Na minha idade, meu pai já estava a quilômetros de distância de sua terra natal há quase três anos e minha mãe já era médica formada também há três anos.

E eu, o que fiz nesse tempo? Computador, computador, computador, computador e, quando sobrava tempo, mais computador.Assim como todo mundo que põe as mãos num mouse pela primeira vez, tive convicção que aquilo ali seria meu futuro.Assim como os piratas do Vale do Silício (Jobs, Gates, Zuckerberg e Cia) faria de pixels e bytes o meu ganha-pão. Seria aclamado por todos pelas minhas idéias, meus personagens apareceriam em capas de revista, todos saberiam meu nome… E aqui estou eu, dissertando sobre minha eterna infantilidade para um bando de pessoas que provavelmente nunca conhecerei. Qual o sentido de tudo isso, afinal?

Minha vida é um imenso e infinito nada.
Cheguei na metade de minha vida e ainda não tenho a menor idéia de quem é Fernando Yanmar Narciso. Tudo que faço é contar nesse blog o quão nerd e loser eu sou, através de textos irônicos que nada têm a ver com meus reais sentimentos, com um livro que nunca será publicado e que nem minha mãe quis ler, personagens que nunca serão conhecidos por mais de uma dúzia de pessoas, sem nenhuma mulher, sem ninguém da minha idade para conversar, sem carteira de motorista e desesperado com o pensamente de que terei, sim, de me conformar e entrar de cabeça num emprego que não me dará nada além de dinheiro, estresse e insatisfação.
Para a maioria das pessoas ter só isso já basta para viver, todos eles sempre dizem “Tenho Deus do meu lado, isso já me é suficiente”, mas, como sabem, eu não sou como todos os outros.

O que quero dizer com tudo isso é que continuar fazendo as coisas do jeito como tenho feito nos últimos três anos simplesmente perdeu o sentido pra mim. Esse blog sempre foi um projeto muito limitado. Sendo que são sempre as mesmas pessoas que comentam, todas mais maduras e instruídas que eu, não posso simplesmente falar aqui sobre tudo que eu quiser. Meus gostos e hobbies me fazem parecer um extraterrestre aos olhos de pessoas comuns, e continuar fingindo que sou tão inteligente e refinado como elas já não rola mais. A menos que eu consiga descobrir um jeito de agradar a toda classe de pessoas e me satisfazer com isso, ou a menos que descubra quem eu sou, o blog está pelo menos por hora com suas atividades suspensas.

OK, eu sei que todos os sonhos que tenho, tudo o que planejei para mim é narcisista, bobo, infantilóide e simplesmente impossível de ser alcançado, mas mesmo assim eu PRECISO ver meus sonhos virando realidade. Preciso de ajuda para ver tudo o que planejei para mim acontecendo, preciso sentir por pelo menos um dia que minha vida está se movendo, e só então cair na real e perceber que não é de nada disso que preciso pra ser feliz.

Até algum dia, meu povo.
Desejem-me sorte…

Sorry, periferia…

agosto 19, 2011 - 4 Respostas

 

E aí, gente? Como vai essa força?

Ninguém deve ter notado, mas essa semana não tivemos novidades no blog. Como a gente tá reformando a casa essa semana, achei que não seria má ideia tirar férias do monitor até começarem a pintar a casa por fora. Mas, o motivo fundamental de eu ter deixado de postar é que…
Estou sentindo… Tempos de trevas retornam em minha vida. Aquela tristeza imensa que me acomete de vez em quando está voltando para se vingar.
Sei que não devia esmiuçar os podres de minha vida- bom, pelo menos não longe do Facebook- mas não consigo evitar.
Chegar encostado nos 30 anos sem ter nada que me defina como gente é muito desesperador.
Percebi tardiamente que preciso me conformar. Nada do que planejei pra mim tem possibilidade de acontecer. Não serei artista, nem tirarei carteira, nem terei a mulher de minha vida e nem vou conseguir sair da casa de minha mãe. O jeito é continuar empurrando a vida adiante e continuar tão frustrado como sempre estive, trabalhando só pra comer, andando de BMX até os 70 anos e encontrar uma balzaca qualquer no ponto de ônibus…

Será que milagres acontecem? Oh, e agora quem poderá me defender?

 

Morto mas feliz

agosto 12, 2011 - 2 Respostas

A vida simplesmente não é longa o bastante para a maioria das pessoas. Por isso tendemos a acreditar que ali, depois do caixão, da urna de cinzas ou de como quer que tenhamos partido, precisa haver uma recompensa por todos os nossos anos servindo à humanidade, para o bem ou para o mal.

Por isso traficantes e políticos sempre rezam em grupo antes de fazer alguma besteira, pois sequer sonham em ir parar no inferno se alguma coisa der errado. Particularmente, adoraria passar uma temporada por lá, e por três bons motivos. Primeiro, dizem que nossa alma sofrerá eternamente com toda a sorte de torturas, judiações e crueldades nas mãos de Satã e seus comparsas. Mas acontece que a alma, se é que isso existe, é uma coisa impalpável, que em tese não possui massa, corpo. Logo, se eles vierem me empalar com aquele tridente em brasa ou com aqueles chifres enormes, nem vou sentir nada. Podem vir à vontade!

Segundo: Se o paraíso for mesmo do jeito que os livros sagrados descrevem, deve ser um tédio ouvir só sermões, o canto dos anjos, trombetas e liras o tamanho que é o dia. Depois de uma semana nem deve dar mais pra suportar tanta paz e bom-mocismo, pois somos transgressores de nascimento, queremos ver o Titanic bater e afundar.

Terceiro: Por esse mesmo motivo, todos os grandes transgressores da história provavelmente foram pra lá. Roqueiros, cientistas, pensadores, déspotas, ditadores, serial killers… Quem não gostaria de saber se Hitler, Mussolini, Hirohito, Stalin, Saddam e Osama foram mesmo pra lá? Se o diabo é o pai do rock, segundo Raul Seixas, há uma boa possibilidade dele e do resto da turma terem ido direto pra churrasqueira gigante. Lá deve haver muito mais liberdade que num lugar cheio de “santos”. Se bem que podemos muito bem esbarrar com Joelma, Chimbinha, Restart, Justin Bieber e outros carrascos lá embaixo…

Com certeza as pessoas com mais sanidade que eu querem manter distância do inferno, mas em compensação o chamado “paraíso” tem tantas versões diferentes que nem imagino o tamanho da planilha que os santos usam pra colocar ordem no fluxo de almas lá em cima. Cada crença, religião, culto e, por que não, pessoa tem sua visão diferente de como é o descanso dos justos.

O rei da cocada preta Maomé era o profeta mais esperto de todos, afinal para todos os que morrem em nome de Alá, ele prometeu um lugar com 72 virgens, sem especificar o gênero sexual. Claro que todos os muçulmanos iam querer morrer depois dessa, afinal sexo, água e dinheiro não se dispensa ou nega a ninguém. Mas tem uma pequena mutreta nesse conto: Pra que eu vou querer na cama 72 pessoas- digo pessoas porque não sei se são homens ou mulheres- que nunca transaram na vida? Até conseguir dar cabo da fila inteira, você não vai mais querer saber da fruta.

Tirando Tropa de Elite 2, os dois filmes mais populares do ano passado no país falavam de espiritismo. Se você for como a maioria dos brasileiros provavelmente se maravilhou com aquela cidade esplendorosa do “Nosso Lar”, cheia de edificações fantásticas, ruas que parecem ter saído da cabeça do Niemeyer, todo mundo usando roupa branca e atuando como o Jonatas Faro… Os carros voadores dos Jetsons até foram lançados no outro mundo antes do nosso, é mole?
Sei não, mas com tantas construções grandiosas, provavelmente o Quércia e o Sérgio Naya devem estar tocando o terror por lá, pois quanto maior a obra, maior a bandalheira nos bastidores, como todos sabemos.

Claro que há aquelas religiões para as quais a vida é cíclica, ou seja, se você morrer, fica frio(perdão pelo trocadilho), pois daqui algum tempo você estará de volta ao mundo, mas- Tem sempre um “mas”- não como você se conhece hoje.
A reencarnação… Seu espírito pode voltar tanto no corpo de outra pessoa como no de um animal. Aí vêm todas aquelas piadinhas infames que todo mundo conhece do cara que sonhou que havia reencarnado como uma galinha poedeira numa fábrica da SOMAI e acordou fazendo cocô na cama, ou do outro que voltou como um touro reprodutor numa fazenda em Uberaba, ou…

Mas, mesmo com todo esse leque de opções de plenitude espiritual oferecidas por todas as religiões, a idéia de virar adubo ao morrer não me parece tão desanimadora no fim das contas, mas temos que admitir que os profetas que escreveram todas essas teorias tinham muita imaginação…

Momento musical

agosto 12, 2011 - Uma resposta

Não precisa ficar assistindo. Simplesmente ouçam…

Segregando e andando

agosto 12, 2011 - 2 Respostas

Sou diferente, viva a diversidade!

Muitos já devem ter visto essa propaganda na TV por assinatura. Mas a ironia da coisa é que, só de chamar alguém de “diferente”, você já está propagando o preconceito. Atualmente uma das palavras mais enraizadas em nosso vocabulário, e ao mesmo tempo a mais difícil de dar um significado objetivo, é o orgulho. Aparentemente ela virou um substituto mais light e socialmente aceito para o ódio. O comediante Chris Rock alertava para o perigo do patriotismo exagerado há alguns anos. Se você ama sua nacionalidade a ponto de colocá-la acima de todas as outras, é melhor procurar um psiquiatra. Hitler e o fundador da Ku Klux Klan estão na ponta do banco na sala de espera.

Tudo virou motivo para usar a palavra orgulho. Se você é pobre no Brasil, há o conceito um tanto estranho que devemos ter orgulho de não ter nada, que devemos ser felizes na pobreza. É claro que essa mentalidade levou à criação do socialismo e ao surgimento da luta de classes em séculos passados, que continuam de certo modo vivos hoje em dia. “Quem bate cartão não vota em patrão.” Ocorrem até passeatas em louvor ao “orgulho”, que, apesar de supostamente pregarem a diversidade e a união, paradoxalmente separam as pessoas ainda mais umas das outras. Se você faz parte de uma “minoria”, deve sentir muito “orgulho” disso e defender sua condição com todas as forças.

Todos os dias aparecem novidades do tipo Parada do Orgulho Gay, ou o ridículo Dia da Consciência Negra, que subliminarmente disseminam o ódio a todos que os reprimiram por tantas gerações. Isso sem falar no Dia Internacional da Mulher, no Dia do Índio ou na tentativa frustrada de Aldo Rebello de implantar o Dia do Saci Pererê- Talvez uma mensagem subliminar para homenagear os amputados de nascença- para substituir o irlandesíssimo Halloween.

Enfim, todos querem viver em harmonia, mas sem exagerar. Há sempre uma desculpa para separar a humanidade em grupinhos.
Por que não radicalizar de vez? Já que o Dia da Consciência Negra prega o orgulho da “afro-descendência”, que façamos feriados de orgulho da euro-descendência, da nipo-descendência, da mestiço-descendência e, talvez, até da albino-descendência. E separando ainda mais, faremos os Dias da Consciência Maneta, da Consciência Perneta, da Consciência Anã e, se sobrar calendário, da Consciência Gêmea Siamesa.

Aproveito para convocar uma Passeata do Orgulho Ateu, afinal, todos têm o direito de não acreditar em nada, se assim o quiserem. Não aceitamos mais que tentem nos forçar a crer nesse amiguinho imaginário que, supostamente, criou a todos nós. E, se vocês, religiosos, continuarem a torrar nossa paciência, iremos ao Congresso estabelecer o Dia Internacional do Ateu.”

Que ocorra de fato a Passeata do Orgulho Hétero todos os anos, pois não precisamos engolir a correção política desses tempos modernos. Que tal uma Passeata do Orgulho Obeso Mórbido? Seriam toneladas de indignação! E, para rebater, poderiam fazer uma Passeata do Orgulho Barriga de Tanquinho. Mas, acima de tudo, que coloquem no calendário o Dia da Consciência Burra, Preconceituosa e Retrógrada. Sim, pois até aqueles que não respeitam ninguém têm direito a algum respeito…

Cala a boca e come, menino!

agosto 5, 2011 - 3 Respostas

 

Desde que me tenho por gente, a hora de comer sempre foi um martírio para mim. Boa parte da população- E estou sendo até bondoso- faz 3 refeições por dia e já está de bom tamanho. Alguns sequer comem à mesa, estão sempre beliscando alguma coisinha e enchendo o saco dos endocrinologistas com as mesmas perguntas de sempre: “Não entendo porque sou tão gorda, doutor…”, às quais o Capitão Obviossauro Rex sempre tem as mesmas respostas.
Quase todos sentem prazer ao comer, alguns até mais do que o considerado saudável. Mas não eu. Não sei se é por birra, mas nunca senti prazer nenhum ao comer. Lembro-me de quando tinha uns 7 ou 8 anos e pesava quase tanto quanto uma galinha. Esturricado mesmo. Se tomasse uma pancada de vento meu corpo balançava feito um trigal. E olha que todos se esforçavam pra ver se criava juízo. Tentavam me dar biotônico, a garrafada mais famosa do Brasil, pílulas, benzedeira, me levaram até num exorcista pra ver se eu conseguia engordar pelo menos um quilo, mas foi uma jornada daquelas até eu conseguir criar um pouquinho de corpo e juízo.
Atualmente me alimento razoavelmente bem, mas o martírio continua. Geralmente o almoço já está servido há umas três horas e eu teimando em não ir comer logo. Sim, é teima mesmo, porque, cá para nós, nada que pessoas normais comem consegue me atrair para a frente do prato. Não existe alimento mais repulsivo que feijão, com sua aparência pantanosa, cheiro forte, e o caldo que me dá nojo. Com arroz até que não tenho implicância, mas depende de quem faz. Soltinho, com farofa e churrasco é irresistível, mas o daqui… A impressão que dá é que seria possível até rebocar as paredes com ele.
Tirando comida italiana, qualquer outra comida afogada em molho ou caldo me causa nojo, por isso só como carnes fritas ou assadas, e com farinha pra abafar a gordura. Quanto à salada sou como a maioria dos brasileiros e americanos: Mantenho distância. A maioria dos legumes e verduras tem gosto de água, só que pior. No máximo, quando estou desesperado de fome, apanho um montinho de alface, tomate, cebola e cenoura ralada, mas não passa disso.
Com razão eu parecia uma vareta de virar tripa quando moleque…
Ainda vai aparecer algum cientista aí para provar que nosso amado arroz com feijão não tem nenhum valor nutricional. O ovo, que há bem pouco tempo vinha com uma plaquinha na caixa escrito em letras garrafais e com uma caveirinha desenhada dizendo MANTENHA DISTÂNCIA, agora foi alçado à categoria dos superalimentos. Provaram que apenas a pele do porco tem gorduras nocivas ao organismo, Provaram, e essa todo mundo já sabia, que o refrigerante diet é um assassino maior que o refri comum. Quem sabe o que mais esses desocupados são capazes de descobrir?
Pensando bem… Eureca! Acabei de matar a charada pra acabar com a fome do mundo!
Hoje em dia podemos entrar numa farmácia e achar todas as tais vitaminas que encontramos nos alimentos em forma de pílulas. Creio eu que nosso corpo não é um sistema tão inteligente a ponto de saber a diferença entre comida e vitaminas, logo era tudo uma questão de revolucionar a alimentação. Já que podemos encontrar vitaminas A,C,D,E, K, o complexo B, minerais, sais e todo o resto num vidrinho, bastaria tomarmos tudo isso durante as refeições e comer alguma coisa genérica para fazer o quilo, tipo um biscoito ou pão neutro, com a contagem cientificamente ideal de calorias e gorduras para todo ser humano, assim você não conseguiria se tornar um obeso mórbido nem se fizesse todo o esforço do mundo. Nem seria mais necessário colocar alertas nos pacotes de NÃO CONTÉM GLÚTEN ou LIVRE DE GORDURA TRANS, como se pessoas normais se importassem com essas coisas…
Do jeito que atualmente não temos tempo mais nem pra sentar à mesa, e que familiares em geral não se suportam mais, pensem só nos momentos embaraçosos que seriam poupados todos os dias.
A hora do aviãozinho nunca mais seria um tormento para mães e filhos.

Adivinha quem voltou?

agosto 5, 2011 - 2 Respostas

Pode ser que eu nunca consiga publicar meu livro, mas não quer dizer que Alexia não chegará a ver a luz do dia. Mandei fazer uma camiseta com a estampa abaixo, ficará pronta semana que vem.

Abaixo, em versão wallpaper.

E tem mais:

A solução final

agosto 4, 2011 - 2 Respostas

Cada pessoa de bom senso nesse país está careca de saber que nossa música popular há aproximadamente 15 anos tornou-se um morto-vivo desfigurado e de atividade cerebral praticamente nula. Não há uma única forma de música moderna que não seja abastecida por futilidade e superficialidade. Um dos vários males que vieram com a vida virtual é que já não existem barreiras. Qualquer Zé- ou Luan- acredita que, para ser músico, basta ter um computador e noções básicas de como um instrumento musical funciona. Na verdade, você sequer precisa saber cantar e tocar atualmente. Basta gravar seus esgares e uivos no computador e o Autotune cuida do resto.
Porém, depois de muito meditar e ponderar sobre a existência desses auto-entitulados artistas, creio eu ter encontrado a saída para nós, pobre e desprezada vida inteligente do país. Eis aqui algumas fórmulas que, se efetuadas com sucesso, com certeza trarão a boa música de volta ao país em… Mais 15 anos.
Para começar, tragam a ditadura de volta. É fato incontestável que as melhores canções já compostas no Brasil vieram do período que vai de 1964 a 1985. Grandes gênios como Raul, Caetano, Gil, Chico e Vandré dificilmente teriam ficado tão populares se não tivessem sido perseguidos pelos milicos e convidados a se retirar do país. Nada deixa um músico mais danado que não ter liberdade de expressão.
Certos grupos sociais precisam ser proibidos de fazer música. Quanto menos condições financeiras e intelectuais tiver, mais distância deve manter do microfone. Aí se incluem pagodeiros, cantores de axé, tecnobrega, sertanejos-pop e funkeiros. Se, mesmo com a ditadura, os grupinhos insistirem em cantar, exílio neles. Que seja criado um tipo de Triângulo das Bermudas no meio do nada, sem contato com celulares, MP3 players e computadores, onde não haja nada além de livros e só possam se comunicar com o país por telefone e de madrugada.
Se você for roqueiro, trate de compor coisas inteligentes. Nada de cantar sobre passeios no shopping com a namoradinha, levar o poodle no pet-shop ou sair pra balada. Lembrem-se sempre, roqueiros são SEMPRE contestadores, JAMAIS alienados. Se quiserem cantar sobre namoro, amor, beijo na boca e afins, usem ironia, escárnio e deboche. Outra coisa muito importante: Se vocês vivem num condomínio de luxo numa cidade-pólo, nem pensem em montar uma banda de rock. Afinal, vocês não têm motivos para reclamar da vida.
E, acima de tudo: Leiam. Estudem. Leiam mais livros, mas não desses livros-modinha Best-sellers de J.K Rowling e Stephenie Meyers, e sim aqueles livros do século XIX, semi-incompreensíveis, que são o terror dos vestibulares.
Há muito tempo, a impressão que temos é que brasileiro sente orgulho em ser burro e pobre. Ok, é consenso que a que a grande maioria dos livros clássicos brasileiros foram escritos num tempo que nem 1/10 da população do país era alfabetizada, e portanto eles podiam escrever com a linguagem mais empolada que conseguissem e com o máximo de páginas que seus egos permitissem, mas qualquer um que nunca tenha ouvido falar em Dom Casmurro ou Os Sertões sequer devia se aventurar no mundo da música. E, pirralhos coloridos, ler Capricho e acessar Orkut, Facebook, Myspace e Twitter NÃO contam como leitura!

Ah, qualé, gente? 15 anos passam tão rápido…

Disseram que ele não vinha

julho 25, 2011 - 2 Respostas

…E olha eu aqui de volta! Um pouquinho antes do previsto, mas tamos aí! Então, nesse Sábado estamos celebrando o aniversário desse santuário de besteiras chamado Blog do Yanmar. 2 anos escrevendo, desenhando, criticando, batendo o pé, choramingando… E hoje não poderia ser diferente.
O que são 2 anos na vida de um homem que não tem nada? Têm ideia do que é chegar na esquina dos 30 anos sem ter a menor idéia de quem você é? Esse é meu cotidiano. Acordar, ligar o computador, empurrar o dia com a barriga, invejando qualquer pessoa que se mova… Já chega, né? Faz 9 anos que minha vida tá, literalmente, estacionada na prova de carteira de motorista.
Prometi a mim mesmo que só depois que tirasse a carteira poderia ir ter a vida que quisesse. Mas ao que tudo indica o mundo não quer que eu dirija. Entrando e saindo de divãs, tomando bomba no psicotécnico a torto e a direito… Na única vez na vida que mantive minha palavra, e eu só me ferro por causa disso…

ALGUÉM ME AJUDE!!!

Ele-Homem

julho 25, 2011 - Uma resposta

1981 foi um ano muito importante para o mundo do entretenimento. Neste ano foi lançada uma linha de brinquedos que mudaria a cara da década e se tornaria fonte de inspiração de todos os moleques que nasceram antes de mim: MASTERS OF THE UNIVERSE, ou He-man para os íntimos.A verdadeira origem da franquia permanece um tanto nebulosa até hoje, mas a
história mais comumente aceita é que, em 1982, o filme Conan, O Bárbaro, estrelado pelo fisiculturista com formiguinha nas
calças Arnold Schwarzenegger foi lançado, alcançando um sucesso extraordinário, apesar dos efeitos especiais meio fraquinhos da época e de sua visão um tanto estranha da masculinidade. Reza a lenda que, aproveitando o embalo, a Mattel, uma das maiores fabricantes de brinquedos do mundo, tentou lançar uma linha de brinquedos baseada no herói e no vilão do filme. Tentou,
pois a diretoria da empresa bateu o pé, se fazendo de muito politicamente correta e dizendo que não queria saber de criancinhas brincando com o boneco de um bárbaro assassino e sexualmente ativo como o cimério fodão. Mas a produção já havia
recebido sinal verde e isso traria um prejuízo enorme para a empresa. Então os designers, muito espertinhos, decidiram simplesmente mudar a cabeça, as roupas e as armas dos bonecos e criar uma franquia própria.
Lembrem-se, estamos nos Estados Unidos, berço dos super-heróis, em plena década de 80. E não existia nada mais macho na época que um cara loiro, bronzeado, com músculos até na língua, desfilando por aí com botas e tanguinha felpudas, sem
falar no penteado igual o que o Sting usava na época. Só faltava um bigodão à la Freddie Mercury…
Mas, surpreendentemente, apesar de já existirem os bonecos dele e do Esqueleto, ambos não tiveram uma história oficial até meados de 1983, mesmo que as vendas já fossem consideráveis. Isso foi reparado pela pequena produtora de desenhos
Filmation, que criou a personalidade não apenas dos dois, mas de todo um universo de novos personagens e bonecos de ação, lançando-os numa era que combinava medievalismo com ficção científica e fazendo a guerra de Etérnia estourar nos quatro cantos do mundo por três anos e mais de 100 episódios. Na carona do sucesso de He-man, surgiu toda uma miríade de desenhos animados de ação que durou por toda a década, alguns muito queridos, outros que sumiram tão rápido como apareceram, mas poucos conseguiram enfrentar Príncipe Adam e sua turma de igual para igual.
Confesso a vocês que, quando criança, não dava muita bola para desenhos de ação, com seus roteiros razoavelmente complexos para um moleque hiperativo. Sempre preferi os desenhos mais clássicos, talvez para me distanciar do gosto de todos os meus primos e amigos, que só viam os desenhos da Globo. Até tentei gostar do guardião do castelo de Grayskull como qualquer moleque, mas achava tudo na série muito estranho, mesmo com a idade que tinha. Apesar de ser o, como diria Capitão Nascimento, Sr. Pica das Galáxias, He-man tinha uma personalidade nada norte-americana. Apesar de ter uns 200 quilos de massa muscular e ainda a espada mais poderosa já forjada, o “homem mais poderoso do universo” era incapaz de cortar inimigos com ela. Ele sequer enchia o Esqueleto de porrada, preferindo usar sua força monstruosa para arrebentar obstáculos ou
simplesmente encurralar o inimigo de maneira criativa. E ainda vinha dar conselhos um tanto óbvios à audiência no final de cada aventura, como “escovem
os dentes todos os dias” ou “não atravessem a rua de olhos fechados”. Tamanho bom-mocismo não existe neste e nem em outros mundos. Depois mudávamos de canal e lá estava Jaspion, agindo como um legítimo samurai, empalando e degolando as
desavenças com sua Spadium Laser ou atirando no rosto delas com sua pistolinha.
Isso é que é heroísmo!
A animação era feita a toque de caixa, com muitas cenas reaproveitadas ou grosseiramente alteradas que se repetiam em todos os episódios. As expressões faciais praticamente não mudavam nos personagens quando estavam falando. Mas a coisa que mais me incomodava e ainda incomoda são aqueles efeitos sonoros cômicos, típicos de desenhos animados mais tradicionais, que simplesmente não casavam bem com a ambientação lúgubre de Etérnia. Mesmo assim, a relevância da série é inegável, e continua sendo o desenho animado mais lembrado da “década perdida”. Quem acompanhou, entupiu o guarda-roupa com os brinquedos e pulou festinhas de aniversário ao som da musiquinha gravada pelo Trem da Alegria nunca se esquecerá das longas tardes
que passaram brincando com os bonecos absurdamente desproporcionais.

PELOS PODERES DE VOCÊS SABEM QUEM!